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Chichén Itzá - Yucatán

Visitar o sítio arqueológico do que já foi uma das maiores cidades de uma civilização antiga é uma experiência única. Porém, este é um local cheio de armadilhas pega-turista, então é crucial se atentar em algumas dicas pata garantir uma boa experiência...

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Quando o explorador (e imperialista) estadunidense John Lloyd Stephens foi convidado a visitar uma fazenda de gado com algumas ruínas antigas em meio aos pastos no estado de Yucatán, no México, por volta de 1840, não poderia imaginar que estaria prestes a conhecer e divulgar para o meio acadêmico os fragmentos de uma das maiores cidades do antigo Império Maia, que a muito tempo havia governado aquela região.

Chichen Itza como era conhecida, ou "boca do poço das feiticeiras da água", em referência aos fundadores daquele lugar por volta do século V, era muito mais que uma cidade em ruínas, ali existia várias camadas de civilizações, até chegar ao fim com os maias por volta do ano 1250. Portanto, o lugar era um caldeirão cultural com muita diversidade, o que pode ser evidenciado ao ser analisado que há diversas influências arquitetônicas coexistindo entre os prédios e muros da antiga metrópole.

Entre as principais estruturas que poderão ser vistas em Chichen Itza estão o Cenote Sagrado, estrutura natural com água ao fundo, como um grande poço e por onde, em suas bordas, ocorriam sacrifícios humanos (em especial dos mais bravos guerreiros e das mais bonitas donzelas, que se sobrevivessem a queda seriam considerados deuses vivos), o Observatório Astronômico de El Caracol, local onde os sábios maias faziam medições de estrelas e galáxias, utilizando os resultados para buscar entender o futuro por meio de presságios e a Grande Quadra de Bola, grande campo aberto onde era disputado o jogo de bola mesoamericano, esporte com mais de 3 mil anos e que consistia em duas equipes de 2 até 5 jogadores, que deveriam levar uma bola com toques das coxas, quadris e braços (sem chutar ou agarrar com as mãos) até o lado adversário e então passar por um dos aros existente nas paredes do campo. O líder da equipe que saísse derrotada era sacrificado aos deuses como forma de prestar respeito pelos que o haviam vencido. O local mais icônico e mais importante de toda a antiga cidade de Chichen Izta é a grande pirâmide do Templo de Kukulcán, imponente edifício cerimonial em adoração ao deus maia dos céus e de mesmo nome, o qual significa Serpente Emplumada na língua maia. A pirâmide tem cada uma de suas quatro faces voltadas a um ponto cardial, possui 52 painéis esculpidos em suas paredes referem-se aos 52 anos de ciclos de destruição e reconstrução do mundo de acordo com os maias e, o mais impressionante, cada uma das quatro escadarias possui 91 degraus e há mais um degrau superior no topo da pirâmide, formando assim os 365 dias do ano maia, logo, a estrutura seria um grande calendário pelo qual os sábios deste povo se regiam.

Com a fundação de Cancún nos anos 70 e edificação da região como um polo turístico na costa mexicana, o número de turistas a visitar Chichen Itza e suas imponentes construções cresceu muito a ponto de hoje o local estar sempre abarrotado de famílias tirando fotos, vendedores ambulantes e armadilhas pega-turista, por exemplo, a criação de resorts na região das ruínas de mais de mil anos!

Para evitar cair em ciladas e evitar desrespeitos com o lugar e sua cultura, os visitantes mais espertos devem manter o foco de seu passeio na relevância cultural e histórica do sítio arqueológico, imprescindivelmente tomando cuidado com barulho e o lixo gerado e, é claro, utilizando o bom senso. Por exemplo, obviamente dias de semana terão muito menos turistas (em especial em baixa temporada) do que os fins de semana, quando as pessoas hospedadas nos resorts de Cancún correm para ver e fotografar aquela que hoje é considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Outro ponto interessante para se atentar é a geografia do local, a entrada do sítio arqueológico se dá justamente pelo Templo de Kukulcán, sua estrutura mais conhecida, o que gera gargalo de pessoas apenas querendo tirar fotos com o mesmo ao fundo, já o Cenote Sagrado e o Observatório Astronômico de El Caracol, ficam em pontos mais afastados no parque e podem ser atingidos logo pela manhã em um momento mais vazio, quando será mais fácil apreciá-los e contemplá-los. Portanto, siga em contrafluxo, comece o dia pelos monumentos mais distantes e menos vistos e conclua o dia no centro da cidade, aos pés da maravilhosa e icônica pirâmide.

Há outra ótima justificativa para fazer esta ordem e a maioria das pessoas não sabe: as águas que formam o Cenote Sagrado ficam muito mais esverdeadas com a luz do sol pela manhã, assim como as sombras geradas nas escadas da pirâmide do Templo de Kukulcán, em formato de serpentes, ficam muito mais intensas e visíveis ao início do cair da tarde, próximo às 15h.

Muitos passeios a Chichen Itza ocorrem com grupos de turistas em agências de viagens. Não há problema nenhum em chegar ao local com esta comodidade, porém, seguir o roteiro padronizado destes grupos é matar sua própria experiência, portanto, opte por equipes que lhe levarão até o local e lhe deixarão livre até o horário de ir embora. É importante verificar isto no momento da contratação!

Fazendo a visita na sua velocidade, com suas próprias expectativas e munido de informações (baixe um dos audioguias que existem na internet de forma gratuita ou negocie na entrada do parque se há como alguém da região lhe guiar), assim como evitando clichês e lugares muito cheios, este tesouro, que teria tudo para ser um imã de pega-turista torna-se inesquecível e mágico, ficando em suas memórias e histórias por muito tempo.
 

Compilado de dicas:

  • Vá em dias de semana e chegue cedo. O parque estará bem mais vazio!

  • Faça o contrafluxo! Se a maioria das pessoas começa pela famosa pirâmide, deixe ela para o final!

  • Se não tiver como ir com um guia, baixe um audioguia gratuito pela internet e aproveite as informações!

  • Respeite a cultura e a historia do local. Foto com pessoas fantasiadas de guerreiros maias ou mariachis fora ser brega, ainda é uma emulação tosca de culturas muito mais complexas.

  • Leve uma mochila com tudo o que precisar para passar o dia. Principalmente água e protetor solar!

  • Faça o passeio em seu ritmo. Melhor ver 4 edifícios de forma bem vista do que ver todos correndo para tirar fotos.

  • Se fechar o passeio com uma agência de turismo garanta sua autonomia para poder andar por onde e quando quiser dentro do horário combinado.

Algumas fotos desse tesouro:

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